domingo, 18 de junho de 2017

A Família Capuchinha






1.1 - O Sonho de retornar às origens...


A Ordem dos Frades Menores, fundada pelo pai São Francisco nos inícios do século XIII, tinha como grande ideal seguir a Cristo e ao seu Evangelho numa vida de intensa fraternidade e efetiva minoridade.

De uma origem muito simples e pobre, esta Ordem logo conheceu grande desenvolvimento e ampla difusão, conquistando o mundo das universidades, dos grandes centros urbanos e dos grandes conventos. Ainda no século XIII esta Ordem deu à Igreja um papa, diversos bispos, cardeais, teólogos e pregadores de grande competência.

Apesar desse glorioso desenvolvimento, permanecia no coração de muitos franciscanos o desejo de retornar àquela maior simplicidade das origens e àquele modo radical de viver a pobreza evangélica praticada e ensinada pelo bem-aventurado pai São Francisco e seus primeiros companheiros.

A história franciscana está repleta dessas tentativas de retorno e de reforma não sem graves conflitos e divisões dentro da Ordem.

Passados três séculos da fundação da Ordem de São Francisco, surgia na região das Marcas, Itália, um grupo de frades que buscavam viver radicalmente a Regra Franciscana numa pobreza austera e numa vida retirada na solidão contemplativa dos eremitérios, sem deixar de lado a pregação popular do Evangelho feita de modo simples e claro.

Assim, no dia 03 de julho de 1528, o Papa Clemente VII aprovava oficialmente essa pequena fraternidade de franciscanos, chamados logo a seguir de Frades Capuchinhos.









1.2 - Origens dos Capuchinhos

As origens da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos remontam ao ano de 1525, quando, na região italiana das Marcas, o frei Mateus de Bascio, querendo seguir radicalmente o ideal franciscano primitivo como pregador itinerante, foge do seu convento e consegue do papa uma aprovação oral para  o seu intento. Por causa de seus ideais, frei Mateus foi perseguido e encarcerado pelo seu superior. Livrou-se da prisão graças à intervenção de Catarina Cybo, duquesa de Camerino e sua ilustre admiradora.

Ainda neste mesmo ano de 1525, entram em cena os dois irmãos de sangue, Frei Ludovico e Frei Rafael de Fossombrone. Eles também buscavam o ideal primitivo de São Francisco e seus primeiros companheiros, e para isso queriam unir-se ao frei Mateus.

Como não conseguiam licença dos superiores para a vida eremítica, tornaram-se fugitivos e, por esta razão, foram perseguidos e procurados pelas autoridades da Ordem. Em março de 1526, encontramos o frei Ludovico e o frei Rafael refugiados entre os monges Camaldulenses.

Os dois irmãos buscavam a vida pobre e contemplativa nos eremitérios, enquanto o frei Mateus desejava mais a vida itinerante e missionária. Essas duas tendências irão marcar a vida e a espiritualidade dos primeiros capuchinhos.

Aos 18 de maio de 1526, eles conseguiram do penitenciário maior, o cardeal Lourenço Pucci, uma autorização para viver como eremitas sob a proteção do bispo de Camerino e sem a interferência dos superiores da Ordem Franciscana.

E lá se foram eles morar no eremitério de São Cristovão de Arcofiato, aproximadamente uns três quilômetros de Camerino. Foi neste lugar que o Frei Ludovico amadureceu o projeto de dar vida à nova reforma franciscana.

Graças à intervenção da grande benfeitora daqueles primeiros frades, Catarina Cybo, a duquesa de Camerino, no dia 03 de julho de 1528, o frei Ludovico conseguiu do Papa Clemente VII, a Bula Religionis zelus que aprovava e reconhecia oficialmente a nova reforma franciscana.




São Félix de Cantalice (séc. XVI), primeiro santo capuchinho.





1.3 - A grande Família Capuchinha


Aos 03 de julho, celebramos o Dia da Família Capuchinha: uma família espiritual dentro da grande e fecunda família franciscana.

Esta data foi escolhida porque no dia 03 de julho de 1528, através da Bula Religionis Zelus, o Papa Clemente VII reconhecia e aprovava oficialmente a nova reforma na Ordem Franciscana, chamada logo nos seus inícios de Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.

Dez anos mais tarde, em 1538, na cidade de Nápoles, o Mosteiro fundado pela venerável Maria Lourença Longo é agregado à Ordem dos Capuchinhos por determinação do Papa Paulo III, formando com eles uma só família espiritual.

Nesses 489 anos de existência da Ordem dos Capuchinhos, inúmeros institutos de vida consagrada, sociedades de vida apostólica, associações de fiéis e outras tantas instituições nasceram por iniciativas dos capuchinhos ou foram assistidas por eles, formando uma só família que se inspira na mesma tradição espiritual.


Frei Salvio Romero, eremita capuchinho.





 Pax et Bonum!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Refeição na Porciúncula: Santa Clara e São Francisco
(baseado em Fioretti 15)









“São Francisco, quando estava em Assis, frequentes vezes visitava Santa Clara, dando-lhes santos ensinamentos”. Ela tinha grande desejo de comer uma vez com o santo pai, mas ele sempre resistia a dar-lhe esta santa consolação.


Incentivado por seus frades, o pai Francisco decidiu realizar aquele piedoso desejo de Santa Clara, dizendo: “Quero que esta refeição se faça em Santa Maria dos Anjos, pois foi ali que nossa irmã Clara foi consagrada ao Senhor, tornando-se esposa de Jesus. Ali comeremos juntos em nome de Deus”.








Quando chegou o dia marcado, “Santa Clara saiu do mosteiro com uma companheira, e, acompanhada pelos companheiros de São Francisco, chegou a Santa Maria dos Anjos e saudou a Virgem Maria” diante do altar onde tinha sido consagrada ao Senhor.


Chegada a hora do jantar, São Francisco mandou pôr a mesa sobre a terra nua como de costume. Sentaram-se São Francisco e Santa Clara juntamente com os frades e a companheira da santa.


O Pai São Francisco começou a falar tão bonito sobre Deus e suas maravilhas que logo todos ficaram arrebatados. E, assim, arrebatados permaneceram por muito tempo com os olhos e as mãos erguidos para o céu.







Os habitantes de Assis e da região viram de longe que a igrejinha de Santa Maria dos Anjos e todo o bosque ao seu redor estavam em chamas. Parecia que um terrível incêndio tinha tomado a casa dos frades na Porciúncula.


Os homens de Assis e da região correram apressadamente para ver o que se passava em Santa Maria da Porciúncula. Mas, chegando ao lugar e não encontrando nada queimando, “entraram dentro e acharam São Francisco com Santa Clara e com toda a sua companhia arrebatados em Deus em contemplação e assentados ao redor desta humilde mesa”. Era fogo divino e não fogo material! Era fogo divino que fazia arder os corações daqueles santos frades e santas monjas.









Após aquela santa refeição, Santa Clara voltou ao mosteiro de São Damião bem acompanhada pelos frades de São Francisco, alegrando-se muitíssimo no Senhor.


Em louvor de Cristo. Amém.









Paz e bem!